Pois diga que irá, Irajá, Irajá!

Há cerca de dois meses, quando soube que o chef Pedro de Artagão abriria o seu restaurante, o Irajá, numa casinha em Botafogo, pensei com absoluta convicção: “Vem coisa boa aí”.

Hoje posso dizer que estava certo o raciocínio. Porque ontem jantei ali, de pé no balcão, de cara para a cozinha. A novidade fica na rua Conde de Irajá, que está se tornando um dos meus CEPs preferidos na cidade, por causa da deliciosa vizinha: Entretapas e Oui Oui.

O lugar é agradável. Uma casa antiga, com um longo corredor que leva até a área dos fundos, passando pela cozinha com janelas abertas: somos recebidos com os aromas da costelinha de porco glaceada, do bolo de brigadeiro fumegante. Cumprimentamos os cozinheiros, até. Uma espécie de agradecimento anterior pelo o que farão por nós, logo a seguir. Mas vale a pena se acomodar, antes de tudo, no longe com poltronas e sofás confortáveis, móveis antiguinhos…

… além de uma adega vistosa e um bar, de onde saem bons drinques. Fica numa espécie de antessala, logo à porta.

– Esse não é bem um lugar para se esperar uma mesa, mas para ficar mesmo. Beber, petiscar, quem sabe mesmo até jantar – explica a ideia o Pedro, com cara muito feliz.

Antes de seguir para o salão, pequeno e aconchegante, com poucas mesas, vale a pena gastar um tempo por ali. Dá próxima vez eu vou testar. Ali parece um lugar muito próprio para comer a coxinha de galinha, que dá nova dimensão a esse salgadinho clássico, com massa de rara crocância e um recheio com molho de requeijão que eu vou te contar…

Foi este o meu primeiro bocado no Irajá, depois de uns 15 minutos acompanhando o movimento da cozinha, de onde saíam, copiosamente, muitas porções de steak tartare (com carne picadinha na hora, na ponta da faca, temperada com delicadeza, servida com ovos de codorn, um tipo de caviar e, esse é um dos segredo, cubinhos de limão, além de um necessário tempurá de shitake).

Quando o garçom pediu pediu “Seis tartares na mesa X”, Pedro confidenciou, baixinho:

– Não gosto disso. Que falta de imaginação. Tem tanta entrada legal para a mesa provar. Gosto quando os grupos vão pedindo pratos diferentes, dividindo as porções. O espírito é um pouco esse – reclama, coberto de razão, a meu ver.

Foi um jantar delicioso, diferente de tudo: comi de pé no balcão, como se estivesse almoçando no Aboim. Quando a hostess quis saber o que eu beberia (depois, é claro, dos dois drinques “de entrada”, perguntou o que eu iria comer).

– Você já sabe, ou vai deixar nas mãos do chef.

Respondi sem palavras, com um olhar feliz, e ela percebeu que seria a segunda opção, é óbvio.

E assim foi. Ficamos ali batendo papo. Adoro ver o movimento da cozinha, e o balcão fica logo na saída dos pratos, onde o Pedro e a equipe finalizam as receitas com  cuidado e atenção, como esse risoto, que não cheguei a provar…

… ou a costelinha glaceada com bolo de fubá salgado e bolinhas de maçã caramelada, que não não experimentei.

Algumas coisas voltam para a cozinha. Sintonia entre a brigada dos fogões, o time de acabamento e a turma que distribui a comida pelo salão é algo sempre difícil. Ainda há ajustes a fazer, mas o Irajá já abriu as portas bem azeitado, como deve ser: acho chata aquela história de “ah, a casa acabou de abrir, por isso não está bom, tem que acertar a equipe”. Isso é uma bobagem. Por mais que sempre haja ajustes a se fazer, e isso vale para restaurantes veteranos também, não dá para perdoar um lugar que é inaugurado servido comida ruim, por garçons despreparados. O pessoal ali tá bem afinado. O fluxo da cozinha ao salão parece bem correto. Os pratos saem com relativa rapidez, e são finalizados com capricho. Não provei, mas adorei o mil folhas aí de cima, com recheio líquido, injetado com seringa.

Neste pequeno ambiente há, além do balcão, uma mesa para umas sete pessoas. Vai dar para comer ali. Coisa tipo menu confiance.

E também haverá lugares no balcão, o melhor para aqueles que gostam mesmo de cozinha, porque dá para acompanhar todo o movimento da cozinha, uma delícia.

– Nos fins de semana vou servir nessas mesas uns menus fechados, com receitas para dividir, como uma porchetta assada com sabores de Minas, tipos tutu de feijão. Também vou fazer paleta de cordeiro, coisas assim. Vai ser legal – adianta o Pedro.

Sei que vai ser legal mesmo.

Depois da cozinha de galinha eu provei o steak tartare.

Delicado, fresco, saboroso, com dois componentes de sabor que dão uma certa tensão, o caviar e o limão, dando volume na boca ao conjunto cremoso formado por carnes, temperos e gema de ovo de cororna crua: os shitakes são uma espécie de coroa, de cereja no bolo, entende?

A etapa seguinte foi um atum fatiado envolto em uma coalhada adorável, coroado com um pepino quente. O iogurte, de textura aveludada, envolve o peixe. Fiquei maluco:

– Cara o que é isso? Que iogurte é esse?

– É a receita da mãe da minha madrasta, uma libanesa de 90 anos – explica o Pedro. – Segundo ela a fórmula só dá certo se for passada em uma fronha de algodão branco que só pode ser lavada com sabão de coco. Assim que estamos fazendo, não sou maluco de contrariar uma receita assim.

Isso diz muito sobre a cozinha do Irajá: a casa mescla técnicas ancentrais com tecnologias de ponta, conhecimento empírico e tradicional com muito estudo e experimentações. A fórmula já vinha dando certo do Laguiole, que com um cardápio baseado em releituras delicadas de pratos clássicos  se tornou um dos melhores restaurantes da cidade nos últimos anos. Em sua própria casa, o Pedro de Artagão parece ainda mais à vontade e feliz.

Durante todo esse período fiquei apreciando uma tacinha do Adolfo Lona Rosé (gostei muito da carta: enxuta, com bons preços, uma boa seleção).

Passei para o Joaquim tinto, da Villa Francioni (de Santa Catarina) na hora de saborear a salada caprese, a quarta versão do chef para este prato clássico: dessa vez ele usam quatro variedades de tomates miúdos (cereja, pêra etc), maduros, perfeitamente maduros, aromatizados com uma infusão de manjericão e servidos com uma espécie de requeijão de mussarela de búfala e a já famosa farofinha crocante de pão. Uma delicadeza, uma delícia.

– Essa mussarela foi desenvolvida especialmente para esse prato. Sempre comprava o produto de um fabricante, aqui da Região Serrana. Uma vez ele errou a mão, e entregou uma espécie de requeijão de mussarela de búfala. Quando resolvi fazer mais uma versão da caprese, acabei me lembrando dessa história, e pedi para ele tentar fazer – lambra o Pedro.

Mas o melhor, para mim, viria a seguinte. Pura simplicidade, puro deleite, puro aconchego. O nome do prato é todo o galinheiro.

– É porque tem a galinha, o filho dela e o alimento deles – explica o chef.

Bem, a receita é relativamente simples: o chamado ovo perfeito, com gema e clara na mesma textura, resultado de técnicas modernas de cozimento, é servid num pratinho fundo, com curau de milho, farofinha de canjiquinha crocante e um molho demi glace “feito com uma galinha inteira”. Um espetáculo, uma obra de arte, uma delícia. Fiquei emocionado com o prato. Então, eu disse:

– Os pais deviam trazer os seus filhos aqui para provarem isso. As crianças vão adorar, e é uma forma lúdica e agradável de ensianar aos filhos como as coisas simples podem ser sublimes, mostrar a importância de se comer bem, para eles entenderem que ir a restaurante pode ser muito gostoso e divertido.

Fui seguindo o meu percurso. Um foie gras com calda de morango e ruibarbo servido com a farofinha, dessa vez com sabor de chocolate. Também ótimo: o foie gras é cozido em baixa temperatura antes de ser grelhado, ganhando uma incrível consistência.

Pirarucu (muito bom!) com banana grelhada e um palmito de textura fenomenal.

Depois, uma massinha, delicada que só, enriquecida com um molho de mariscos, com vieiras, mexilhões e sururus cozidos, além de ostra fresca e um pedacinho de lula. Espetáculo. Chama a atenção a delicadeza da massa.

Encerrei com o filé à parmegiana, com a carne rosada, depois de cozimento à baixa temperatura, com cobertura de tomate em gelatina e queijo, servido com purê de batatas com manjericão. Uma coisa de doido.

Para encerrar, uma leva e fresca sobremesa com frutas (manga perfeita, lichia, ameixa…) em calda de aloe vera (sim, aloe vera)…

… que foi sucedida por um bolo de chocolate com brigadeiro que me faltam palavras para descrever. Que delícia.

Gostei  tanto do bolo que até ganhei dois pedacinhos para levar para a filha, depois de falar que ela tinha que provar aquilo com ela, assim como o ovo (não foi uma indireta, juro).

Depois, cafezinho passado na hora (naquela cafeteira italiana clássica que vai direto ao fogo) acompanhado por esse bolinho de fubá com manteiga derretida e açúcar mascavo.

Você pode não acreditar, mas saí leve.

Pode anotar aí: o restaurante é, desde já, o canditado a melhor novidade de 2012 (sim, nesse aspecto já estamos no ano que vem: guias e prêmios gastrônimos de 2011 já foram todos lançados. Momento marketing: inclusive o meu, editado pelo Senac-RJ, cujo lançamento acontece na próxima quarta, dia 14, na Argumento do Rio Design BarraÇ estão todos convidados). Momento Tommy, como diria o Ricardo Freire (Tommy é primo da Tássia, a Tássia Chando): em 2009, no começo do ano, profetizei que a Roberta Sudbrack seria a chef do ano, e ela papou todos os prêmios e, no fim do ano passo, apostei que o Felipe Bronze, e o seu Oro, seria o cozinheiro e o restaurante do ano, e eles conquistaram um montão de troféu por aí: ainda vão rolas muitas águas em 2012 (como a abertura do Vieira Souto, de Joãozinho Souza, em Ipanema, que deve ser inaugurado ainda este ano), mas aposto que entre as grandes novidades de 2012 o Irajá vai estar muito bem cotado.

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19 Respostas to “Pois diga que irá, Irajá, Irajá!”

  1. Léo Says:

    Beleza hem…passei em frente e vi movimento..tentei ver o que era e só soube agora lendo o blog.
    E os preços, estilo oui oui? classe média da pra ir? rsrsrs

  2. Dri Says:

    Exatamente o que eu ia perguntar… Os preços. Eu fico feliz de saber que estão abrindo casas com grandes chefes, grandes pretensões no Rio, para acabar com esse negócio de que só se come bem em Sao Paulo. Mas ia ficar ainda mais feliz se houvesse uma epidemia de casas “corretas”, que servem boa comida por um preço justo. Tenho sentido falta disso no Rio ultimamente. Acho o fim da picada ter que decidir entre Gero e Sindicato do Chopp pq não existem lugares com preço intermediários. E, quando existem, não conseguem formar um conjunto coerente (por exemplo o Mio, ali na Farme, que tem bons pratos com preços aceitáveis, mas uma carta de vinhos totalmente estapafúrida, onde os preços começam em R$70 por vinhos nacionais muito mais ou menos…)

  3. Léo Says:

    Dri, só consigo imaginar o miam miam com essas características que vc citou…

  4. Ticiana Azevedo Says:

    Ai, caramba, estou vendo um monte de delicias que ainda não conheço!Como assim? Vou já já pro Irajá

  5. Bruno Agostini Says:

    Caros, aqui vai uma amostra do menu:
    Primeiros
    Crudo de Atum, coalhada, sautè de pepino R$ 22,00
    “O Ovo” glace de galinha caipira, curau de milho, crocante de canjiquinha R$ 16,00
    Caprese 4.0, mussarela de búfala líquida e manjericão R$ 22,00
    Escalope de foie gras, sopa de morangos e ruibarbo R$ 48,00
    Steak tartare, gema de codorna, caviar, tempura de codorna R$ 22,00

    Segundos
    Agnoloti de bufaline, açafrão, passas de tomate, gel de manjericão R$ 40,00
    Gnudi de baroa, 5 funghis, manteiga trufada, flor de tomilho R$ 42,00
    Risoto Primavera “Quase sem arroz” R$ 42,00
    Blanquete de mariscos com espaguetine de nori R$ 56,00
    Camarões à Galega (homenagem aos amigos do Entretapas) R$ 62,00
    Bife à parmeggiana e purê ao pesto R$ 56,00
    Costelinha ao barbecue, bolo de fubá ao grana padano, maçã caramelada R$ 42,00
    Filet de Costela 16h servido rosado, mandioca confit, tutano e mostarda R$ 42,00

    Terceiros
    Pomar, Aloe Vera R$ 14,00
    Bolo Quente de brigadeiro R$ 18,00
    Mil folhas de creme, frutas vermelhas maceradas R$ 16,00

    Beijos e abraços

  6. Bruno Agostini Says:

    achei justo os preços

    • Dri Says:

      Como a gente já “discutiu” aqui mesmo no blog, a questão de justiça no preço cobrado é muito ampla. No final das contas, os pratos não deixam de ser fruto do trabalho de um chef e dos demais membros do restaurante. E como eu não ia gostar nada de ouvir de alguém que o que eu “cobro” pelo meu trabalho é muito dinheiro, não acho certo eu questionar a justiça dos preços que outros põem em seus trabalhos. Tudo que eu acho é que é muito caro um jantar com entrada + prato + sobremesa sair por R$96 sem bebida, sem serviço. Colocando um drink (não digo nem vinho), uma água e o serviço, a conta chega nos R$150. E, infelizmente, eu não tenho como gastar isso num jantar de sexta (considerando que eu jante todas as sextas do mês fora).

      Por isso, nesse exato instante, estou desanimada pensando o que fazer hoje a noite…

      • brunoagostini Says:

        tem muito lugar com ótima comida, que cobra pouco: no Aboim o PF custa R$ 9. Difícil é achar um restaurante com chef e equipamentos de última geração que possam cobrar menos do que isso. É uma pena, mas é assim. O ovo, a R$ 16, para mim é uma pechincha, porque é bom, mas bom demais. Enfim, é isso. Eu acho que R$ 150 para um jantar é um preço que se pode pagar, e canso de gastar isso quando saio para comer fora.

      • Dri Says:

        Como eu mesma disse, eu não acho bacana questionar a “justiça” do preço. Também não estou questionando a qualidade do chef e dos equipamentos (me parece que no comentário aqui de baixo seria mais pertinente comentar sobre isso). Tudo o que eu disse é que eu acredito que não é preciso que TODOS os restaurantes que abram hoje em dia tenham essa proposta e que por conta disso, as vezes me sinto desanimada a sair para jantar. Em um país em que o salário mínimo está na casa dos R$500, eu não acho normal pensar que R$300 é um preço corriqueiro para um casal jantar UMA vez. O que não me conforma é de não parecer possível encontrar um meio termo entre a extrema técnica e apresentação (e consequentes custos das mesmas) dos novos restaurantes e o total descaso com os mesmo itens nos restaurantes tradicionais, como Le Coin, Alvaro’s e Degrau (sendo a comida de ambos igualmente deliciosa).

        Também me chateia ver as margens de lucro aplicadas sobre as bebidas (e todo ano pesquisadas pelo EnoEventos) nos restaurantes, mas esse já um outro assunto.

        Lembrando, é claro, que em momento algum eu quis dizer que essas minhas opiniões são específicas e direcionadas ao Irajá, casa e chefes que ainda não conheci.

    • brunoagostini Says:

      Eu te entendo, mas não concordo com as suas posições. Você é exigente, quer do melhor, mas não se conforma em pagar caro, é uma operação complexa, complicada e de difícil resolução, ao menos aqui no Brasil. E te digo uma coisa: não é ganância de donos de restaurantes. Os custos de um lugar assim são altíssimos, a começar pelos pontos, passando pelos salários dos chefs, equipamentos e a própria matéria-prima.

  7. Patricia Says:

    Oi Bruno!

    Adoro ler sua coluna, acompanho e gosto muito do seu trabalho como jornalista e não tenho nenhum pudor de falar que “morro de inveja” de suas viagens e experiências gastronômicas, mesmo sabendo que seu dia-à- dia não deve ser fácil e talvez não tenha tanto glamour quanto aparenta. Mas acredito que deve ser um sonho ter como ganha pão a tarefa de viajar para lugares tão legais e saborear coisas fantásticas para contar para os outros!

    Gostei tanto da sua crítica sobre o Irajá, que fui lá na sexta passada para conferir a novidade! O saldo foi positivo, mas como você mesmo falou não rola essa desculpa: “ah, a casa acabou de abrir, por isso não está bom, tem que acertar a equipe”.

    Antes de começar com as críticas quero adiantar que adorei a comida: o pirarucu ficou um divino com o vinagrete de pimenta dedo de moça; o bolo de brigadeiro foi um sonho com sabor e textura; a sacada de combinar a costelinha glaceada com o bolo de fubá foi genial; e a entrada de ovo, caldo apurado de galinha, curau de milho e canjiquinha foi de um sabor de comida de Vó com direito a sentimento de aconchego!

    Entretanto, percebi algumas coisas que não acho legal, nem em um restaurante que ainda está abrindo as portas, pois ele já abriu as portas e está cobrando o preço de um restaurante em pleno funcionamento. Gostaria também de pontuar que se essas críticas forem repassadas ao Pedro e equipe, que elas não são críticas vazias e sim impressões de uma cliente que deseja que o restaurante decole e que deseja voltar para provar muitas outras delícias de lá. Vamos lá:

    1. Quando um cliente lê um cardápio e fica com água na boca para provar o que lá é oferecido não é legal ele ser informado que o que ele está vendo no cardápio não está disponível. Se o restaurante ainda não oferece determinado prato ou a bebida, que aquele prato ou bebida não conste do cardápio! Não estou falando dos pratos ou bebidas não disponíveis em um determinado dia porque os ingredientes não estavam bons naquele dia. Isto é compreensível para a manutenção da alta qualidade dos pratos e bebidas servidos pelo restaurante. Estou falando de coisas que AINDA NÃO são oferecidas pelo restaurante e constam do cardápio! Isso não é legal. Frustra as expectativas do cliente e passa uma impressão de amadorismo do restaurante.

    No caso concreto, na carta de drinques tinha toda uma sessão de bebidas, elaboradas com vinhos, frutas licores e especiarias que pareciam DELICIOSAS, que estavam no cardápio, e que o restaurante NÃO SERVIA. E fui informada que não era só aquele dia. Eles ainda não serviam e ponto! Fora outros diversos drinques na mesma situação. Praticamente o restaurante só estava servindo caipirinhas e afins, mas oferecia um mundo de outros drinques deliciosos, que ainda não serviam! Poxa! O cardápio , com um lay out bem legal por sinal, era feito de um papel de qualidade boa, mas que não seria um prejuízo para o restaurante se ele imprimisse uma quantidade com as bebidas e comidas que ele já servia e, após começasse a servir as outras coias, imprimisse outro com os produtos adicionais que passara a servir.

    Fora isso, eu acho complicado você só servir cinco tipos de entradas e avisar para o cliente que faltam 2 ou 3 entradas, e assim acontecer como prato principal. Isso diminui muito as opções dos clientes. Porque não fazer como outros restaurantes legais que quando os produtos não estão legais e alguns pratos estão indisponíveis oferecem pratos especiais do dia com ingredientes bons e disponíveis como alternativas de opção para o cliente? Fica a dica.

    2 – Quando fui à Itália aprendi na prática que se eu pedisse um “succo d’arancia” ao invés de “spremuta d’arancia” me serviriam um suco de caixa ao invés de um suco da fruta fresca. Esse era o costume deles. Entretanto, no Brasil, qualquer restaurante que se preze serve suco da fruta fresca espremida na hora e quando isso não acontece o cliente é informado para poder escolher se vai encarar suco velho ou artificial ou se prefere outra coisa. No Irajá, infelizmente não tivemos essa opção de escolha. Meu marido pediu um suco de laranja e serviram para ele um suco artificial ou, no mínimo, velho. Ele me falou, eu experimentei e comprovei que aquele suco não era fresco nem aqui nem na China! Educadamente perguntei se aquele suco era um suco fresco e o rapaz que nos atendia respondeu educadamente e na maior cara dura que aquilo era um suco de laranja espremido na hora! Isso também não é legal! O cliente não é burro. E um cliente que se dispõe a pagar R$ 150,00 reais por pessoa por um jantar não vai engolir esse tipo de mentira. Isso depõe contra a qualidade do restaurante e do serviço que ela presta. E não adianta se oferecer para trocar por outra coisa, a mentira já foi contada. Espremer uma laranja na hora é fácil e não tem desculpa para um restaurante da categoria que o Irajá pretende ser!

    3 – Chegamos ao restaurante por volta das 20:00 horas. Tudo bem que o restaurante abre às 19:00, mas um restaurante de qualidade deve esta com tudo em cima na hora de sua abertura.

    Como eles não faziam nenhum dos drinques que a carta de bebidas oferecia e que eu me interessei, pedi então as opções dos espumantes que eles serviam em taça, pois meu marido não bebe e uma garrafa inteira para mim é muita coisa. De início, o rapaz que me atendia não sabia me informar, após voltar com a informação ele me falou que só tinha disponível um tipo de espumante rosé. Perguntei se ele sabia o preço da taça para que eu tivesse uma noção do valor, pois não tinha no cardápio, e ele me falou que também não sabia. Após a terceira ida ao bar para pegar informação, voltou informando que custava R$ 22,00. O valor informado era um pouco mais caro que a média dos restaurante de mesma categoria e que costumo frequentar, inclusive naquela Rua, mas ainda estava dentro da média. Pedi a taça de espumante e esperei… esperei… e 20 minutos depois perguntei se ele se lembrava do meu pedido. Uma moça simpática me atendeu informando que o espumante “ainda estava gelando” e por isso a demora. Isso também não é nada legal! Um espumante é uma forma muito comum de se começar um jantar. Como um restaurante não tem pelo menos, umas três garrafas já geladas e prontas para serviço? Como falei, cheguei lá as 20:00, não tinha dado tempo de TODOS os espumantes gelados acabarem. E um restaurante de qualidade repõe as garrafas muito antes que elas acabem. Resultado, 20 minutos depois recebi uma taça de espumante rose quente!!!

    E minha maior surprese nem foi essa! E sim pagar R$ 22,00 por ¼ de taça de espumante!!! Isso mesmo, ¼!!! Quando você pede uma taça avulsa, mesmo em restaurantes mais finos, é claro que você não espera uma taça cheia, mas pelo menos a metade da taça ou um pouco mais, pois você paga mais caro pela dose!!! Fiquei tão sem graça e espantada que não reclamei nem da temperatura e nem da quantidade. Quando eu saio para jantar e topo pagar a mais para ir a um restaurante de qualidade eu quero me divertir, ficar encantada com os sabores que provarei e não reclamando de tudo. Entretanto, confesso que me senti “’ roubada” por pagar R$ 22,00 por ¼ de taça de um espumante que se eu bem me lembro era nacional (nada contra os nacionais que, na minha opinião não deixam nada a dever para bons espumantes ou champagnes de outras nacionalidades , mas sabemos que uma boa garrafa de um espumante nacional está em média R$ 45,00).

    Bom Bruno, essas são minhas críticas quanto ao Irajá.

    Novamente repito: Meu saldo foi positivo e voltarei lá, pois a comida é divina! Mas como carioca que deseja que nossos restaurantes sejam tão bons quanto os restaurantes de São Paulo eu me sinto no dever de passar minhas impressões. Sei que para um restaurante legal o valor cobrado pelo Irajá está na média e topo pagar numa boa até o dobro deste valor por um restaurante de primeira linha, pois sei que know how, bons produtos, e equipe qualificada custam caro, mas para isso, o mínimo que um cliente deve receber em troca é uma serviço perfeito (ou quase, pois errar é humano) e bebidas e comidas de qualidade. Erros quando se cobra valores tão altos não são perdoáveis, nem no início.

    Abs

    Patricia

    • Rafael Says:

      A questão da ausência dos pratos anunciados no cardápio é lamentável e as casas precisam aprender a lidar com isso. Ou montam cardápios diários fazendo um rodízio entre as opções (como faz a equipe da Roberta Sudbrack, por exemplo) ou se fecham em receitas cujos ingredientes não faltarão. De nada adianta ter um item no menu que dependerá da disponibilidade dos produtos no mercado. Ou acertam os fornecedores e garantem o cardápio completo ou oferecem estes pratos só em algumas ocasiões.
      Na França e coisa mais normal nos bistrôs são aquelas lousas com os pratos do dia, que estão fora do cardápio convencional. É uma opção justa e evita a decepção dos clientes com a falta dos pratos.

      Sobre o espumante, isso é um grande problema no Rio. É difícil beber um espumante gelado decentemente nesta cidade. Como os donos de restaurante não conseguem acertar isso? Insistem em servir garrafas em temperaturas mais altas que o ideal. Há tempos já decidi: espumante, só em casa, com a temperatura controlada.

  8. Léo Says:

    Saldo positivo Patrícia?

    imagina se tivesse sido ruim…

    parabéns pela crítica, muito bem fundamentada e detalhista.

    Lá por 2013 devem estar mais organizados…

    sair pra comer pra se aborrecer é phueda.

    abraços

  9. Brigite’s: já está funcionando mais uma grata novidade na gastronomia carioca « Rio de Janeiro a Dezembro Says:

    […] que isso, só mesmo a nova leva de restaurantes que o Rio ganhou. Temos o Irajá, o Vieira Souto, a Bottega del […]

  10. Índice de posts de bares e restaurantes na cidade do Rio de Janeiro « Rio de Janeiro a Dezembro Says:

    […] Irajá […]

  11. Pedro de Artagao Says:

    Cara Patricia,

    Agradecemos imensamente pelo seu post! Gostaria de dizer que como “Pai orgulhoso” o primeiro impulso seria rebater seus questionamentos com justificativas plausiveis ou nao. Mas como empresário responsável devo reconhecer que os acontecimentos citados por você certamente aconteceram, e já foram corrigidos, concordo plenamente que é inaceitável justificar certos deslizes com a desculpa de que o restaurante é novo, entretanto restaurante é como automóvel em testes na fábrica, se ele nao rodar nao há como identificar quais parafusos precisam de aperto, e lhe garanto que são muitos, rs.
    Imagino que vc como entusiasta deve ter vindo bem no inicio, e posso lhe assegurar que com 1 mes e 6 dias de operação já evoluimos muito, gostaria de lhe dizer que : nossa adega já foi instalada (espumante e vinhos na temperatura exata), nossa carta de drinks já esta funcionando a todo vapor, com todas aquelas criacoes que vc viu e que nao estavam disponiveis no inicio, nossos sucos estao sendo feitos na hora do pedido, o que pode demorar um pouco mais, mas o resultado é outro( e já adianto que a partir de fevereiro quando abrirmos para almoço lancaremos uma carta de sucos que acompanha a linha de todo cardapio, com misturas inovadoras e bem executadas), temos feito treinamento em servico de vinhos sistematicamente para que taças sejam prenchidas na medida correta, a equipe vem sendo exaustivamente treinada para que respostas que nao condizam com nossa filosofia nao sejam dadas aos nossos clientes.
    Em relaçao ao cardapio, posso lhe assegurar que estamos trabalhando diariamento com o cardapio completo, entretanto só faço X quantidade de cada prato para que possamos servir comida fresca toda noite e nao haja desperdício, por isso é muito possível em que dado momento ao longo da noite um prato ou outro acabe, e não há ha possibilidade de reimprimir cardapios quando isso acontece, o padrao da casa é que o garçon já avise das faltas na entrega do cardapio exatamente para o cliente nao criar expectativas, e no seu caso peço mil desculpas por nao ter sido feito dessa forma.

    Ressalto aqui que esse post não é mea culpa e sim uma satisfaçao à você e a todo cliente que se decepcionou com nossas falhas nesse inicio! Realmente espero que quando voce retornar se sinta um pouquinho responsável pela nossa evolução e quissa nosso sucesso!

    Pedro de Artagao
    Chef proprietario Irajá Gastrô

    Ps: Leo, nao precisa esperar até 2013, pode vir por agora mesmo que tenho certeza que voce vai se surpreender!

  12. Juliana Says:

    Nossa, tinha ficado super animada com o post e de ir no Irajá Gastrô pra experimentar, mas realmente, como a moça acima falou, 150 reais pra um jantar corriqueiro de sexta feira, chegando a 300 reais o casal é extremamente caro pro meu bolso. Acho que o fator economico de quanto uma pessoa ganha também se aplica muito nesse caso do que vale a pena ou não. As vezes a pessoa até quer conhecer, mas não tem os recursos.

  13. Juliana Says:

    Obs: A titulo de curiosidade, entre o Lorenzo Bistro e o Irajá Gastro, qual é mais interessante/ comida/sobremesa melhores na sua opniao?

  14. c Says:

    Qualquer restaurante que serve foie gras deveria ser fechado.

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