Viagens, comidas e bebidas são coisas indissociáveis. As pessoas viajam para provar pratos típicos, vinhos, cervejas, uísques, cachaças. E fazer uma refeição é sempre uma forma de viajar, tanto no sentido literal, quanto muitas vezes no figurado, aquela trufa branca que nos conduz até o Piemonte. A bebida faz o mesmo com a gente: um Barolo que nos leva direto para Monforte d’Alba, aquela cerveja que traz a Bélgica até nós.
Isso tudo para dizer que este blog Rio de Janeiro a Dezembro, cujo nome eu adoro, tinha como missão tratar das delícias cariocas. Porém, apesar de engraçadinho, o nome acaba indicando um universo restrito de assuntos, e não será mais assim.
O Rio de Janeiro a Dezembro nasceu como herança de outro blog que cuidei com muito carinho: Direto do Rio, criado em 2006 (portanto, vejo que sou blogueiro há dez anos), quando fui morar em São Paulo, para ser editor da revista Viagem e Turismo, e inspetor de restaurantes do saudoso Guia Quatro Rodas. ele ficava hospedado no site Viaje Aqui, guarda-chuva de várias publicações de turismo e gastronomia da Editora Abril. Saí da empresa, mas continuei colaborando com eles, até que quando fui trabalhar em O Globo, em 2009, precisei deixar o blog. Mas já tinha me apegado a ele, e gostava cada vez mais de escever sobre o Rio. No periódico carioca, eu fazia o blog Enoteca, e trabalhava para a revista Boa Viagem, depois ganhei a coluna de vinhos na Revista, e uma outra no finado Globo a Mais. Ou seja, ainda que os assuntos se entrelacem, havia espaços bem demilitados. Turismo em Boa Viagem; a vida carioca em Rio de Janeiro a Dezembro; vinho e outras bebidas em Enoteca. Mas agora quero mesmo é misturar isso tudo.
Depois de um ano e meio em regime quase sabático, fazendo apenas pequenos trabalhos e refletindo profundamente sobre a profissão, decidi nunca mais voltar a trabalhar em uma redação, pelo menos não nos modelos atuais, um sistema praticamente escravocrata, estressante, com salários baixos, assédio moral e mais uma centena de coisas desagradáveis que poluem esses ambientes editoriais (há exceções, claro).
Neste período nasceram muitas ideias. Algumas delas abandonadas, outras em pleno andamento, e tantas mais ainda no campo dos sonhos. Aplicativo, consultoria de turismo, site, programa de TV, websérie, livros, filmes… Até fazer cervejas e conservas entraram na pauta. Fazer vinho também. Um monte de coisa boa a caminho, ou como objeto de sonho. Mas, entre todos os trabalhos que já fiz e que desejo ainda fazer, editar um blog está no topo de minhas predileções, junto de palestras e aulas, porque o contato com o público, diretamente, olho no olho, também me encanta.
Viajar, comer, beber, aprender, compartilhar… Essa é a meta. Enquanto o novo site não fica pronto (confesso, ainda nem comecei a cuidar disso, as prioridades no momento são outras), vou por aqui tentando desenferrujar, e dar forma ao tipo de conteúdo que pretendo publicar no site, com dicas, notícias, crônicas, críticas, reportagens, um ambiente plural, onde comidas e bebidas são protagonistas.
Por ora, é isso.
Obrigado pela companhia.
Archive for the ‘Cerveja’ Category
Viajar, comer, beber, aprender, compartilhar: o blog está de volta antes de virar site
31/05/2016Trópica: nova cervejaria carioca lança dois rótulos colaborativos com a Röter
29/03/2015
A Trópica 01 Bora Bora é uma American Blond com perfume de witbier, de coentro e casca de tangerina, com 4,8%
O mundo das cervejas artesanais no Brasil é um universo em ebulição, e em expansão. Na mesma semana em que foi lançada a Miwok, produzida pela Rock Bird em parceria com a Röter, essa mesmo cervejaria apresentou outros dois rótulos colaborativos: Bora Bora (na foto) e Arequipa, ambos assinados pela Cervejaria Trópica, outra novidade tinindo de nova. A Bora Bora é Trópica 01, e a Arequipa é a Trópica 02. O Lançamento da dupla aconteceu na quarta-feira passada, reunindo a nata do mundo da cerveja no Rio.
As duas cervejas tinham exatos 4,8% de álcool. Bora Bora assume um estilo híbrido. Uma American Blonde Ale, com laranja e casca de tangerina, dando uma pincelada no perfume, trazendo notas típicas de uma witbier. Está vendendo mais, e provavelmente será assim para sempre. Tem um estilo mais comercial, adequado ao mercado brasileiro.
Porém, os cervejeiros presentes foram unânimes em preferir a Arequipa, uma Session Ipa com mate (tipo o mate de praia mesmo), o que dá uma reforçada no amargor, de maneira delicada.
Cada uma em seu estilo, mostram personalidade, com receitas bem ajustadas. E a julgar pelas primeiras impressões do público (ouvi muito cervejeiro experimentado), a Trópica, assim como a Rock Bird, são marcas de futuro muito promissor.
Boto fé.